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Empresários pedem nova política industrial



A única maneira de o Brasil deter o processo de desindustrialização que flagela o país seria a implantação de uma política industrial com ênfase na adoção de tecnologias modernas, na remontagem virtuosa das cadeias de valor e reformas estruturais que permitissem ao setor melhorar a produtividade e a competitividade.


Foi o recado dado ao governo e à sociedade civil por empresários da indústria reunidos na última segunda-feira, 13, na abertura do 6º Congresso Brasileiro da Indústria de Máquinas e Equipamentos, organizado em modo virtual pela Abimaq - Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos. Com o tema guarda-chuva “Os desafios da indústria em um novo cenário mundial”, o congresso prossegue nesta segunda-feira, 20, e encerra-se no dia 27 de setembro.


Os debates do primeiro dia enfocaram a reindustrialização do Brasil na visão das empresas e do Poder Legislativo. Abrindo os trabalhos, o presidente executivo da Abimaq, José Velloso, afirmou que apenas políticas e investimentos que promovam a reindustrialização e a sofisticação de estrutura produtiva brasileira poderão aumentar a renda per capita e melhorar a distribuição de renda.


“Afinal, com a reindustrialização, estaremos estimulando não só a criação de empregos de qualidade, como também o desenvolvimento do mercado interno”, disse Velloso, observando que nos últimos dez anos, quando ficou claro o processo de desindustrialização do país, o Brasil cresceu, em média, apenas 1% ao ano.


Velloso disse que o esforço de reindustrialização deveria seguir uma política industrial que estimulasse o investimento produtivo, fortalecesse setores estratégicos existentes e permitisse o surgimento de novos setores inovadores, essenciais para a sofisticação produtiva do país.


“Essa nova política industrial não deve, entretanto, ser utilizada como mera compensação de desequilíbrios macroeconômicos, devendo estar, isso sim, estrategicamente coordenada com a política macroeconômica”, advertiu o dirigente.


Cadeias - Para Luiz Carlos Moraes, presidente da Anfavea - Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, uma nova política industrial deveria enfatizar também a remontagem das cadeias logísticas dentro da indústria brasileira, cuja fragilidade ficou demonstrada com o surto da covid-19.


“A indústria automotiva, por exemplo, foi ficando cada vez mais dependente de insumos importados, e com a crise da logística global provocada pela pandemia, estamos nesse momento sofrendo com a falta de chips”, ilustrou Moraes. “Seria o caso de começarmos a pensar na multiplicação de novas parcerias, na montagem de cadeias locais, regionais, de repensar, enfim, a origem da produção”.


Antonio Paulo Bianchi, diretor de cadeia de suprimentos, abastecimento e aquisições da GE Energy, alertou que o Brasil já deveria estar se preocupando com a montagem de cadeias de fornecedores no contexto da nova Indústria 4.0. Mas, para ele, seria necessário, concomitantemente, internacionalizar em grau muito maior a indústria brasileira, que deveria estar exportando muito mais do que está.


“Uma das razões de termos tão poucas indústrias de alta tecnologia no país é que o investimento exigido para a implantação de empresas deste tipo é muito alto, e o mercado interno brasileiro não tem tamanho para sustentar a oferta”, disse Bianchi. “A montagem de uma cadeia de indústrias digitais teria de ser precedida por um arranjo mais virtuoso entre oferta e demanda”.


Para João Carlos Brega, presidente da Whirpool, nenhuma política industrial será consistente se o Brasil não realizar um conjunto de reformas estruturais, que incluiriam as reformas trabalhista, fiscal e político-administrativa, visando proporcionar às empresas segurança jurídica e melhor ambiente de negócios.


“As reformas deveriam também dar um jeito de criar mecanismos que facilitassem os investimentos em infraestrutura, que no Brasil está cada dia mais depauperada”, sublinhou o executivo.


Já para José Luis Menghini, head de indústria e energia da Método Engenharia, além de uma urgente simplificação tributária - segundo ele, “é totalmente absurdo” o país ter hoje, nas esferas federal, estadual e municipal, mais de 940 mil regras tributárias - o Brasil precisaria ainda incrementar os seus sistemas de crédito, que ele vê como engessado e pouco generoso.


“O Brasil jamais entrará de vez na economia digitalizada se não disponibilizar mais crédito para as pequenas e médias empresas, que muitas vezes são as maiores responsáveis pelas inovações tecnológicas”, afirmou. “Também seria preciso ajudar as PMEs a avançar no mercado externo. A Alemanha está repleta de pequenas empresas que são grandes exportadoras, o que mostra que isto é possível com políticas certas de fomento”.


Os temas em discussão nos dois dias restantes do congresso da Abimaq serão o papel do profissional do futuro na indústria, transformação digital e a Indústria 4.0 e a produtividade e competitividade do setor fabril brasileiro.


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