REGIÃO DE CAMPINAS É O NOVO POLO DE FERRAMENTAS DO PAÍS
Há mais de uma década, em 2011, o site Usinagem-Brasil publicou uma série de reportagens intitulada “Sorocaba é o principal polo de (ferramentas) especiais do Brasil”. Passados 11 anos e toneladas de cavacos removidos, observa-se o surgimento de um novo polo de ferramentas no Brasil. Trata-se da Região Metropolitana de Campinas – que hoje compreende 20 cidades – e que passou a concentrar a maioria das filiais e subsidiárias das grandes multinacionais do setor, que para lá se transferiram principalmente da capital e da Grande São Paulo, além da chegada de novos players.
Esse movimento tem origem na primeira década deste século, quando a Iscar transferiu a sede da filial brasileira de São Bernardo do Campo para Vinhedo, em 2004, e a Kennametal se transferiu da capital paulista para Indaiatuba, em 2006. Coincidentemente são hoje as empresas que mantém as maiores instalações para a produção de especiais da região.
Porém, não é possível cravar que a região de Sorocaba – que compreende 27 municípios – perdeu a hegemonia no ramo de especiais. Se na última década perdeu a fábrica da Walter, que encerrou as atividades de produção no País, e algumas pequenas e médias indústrias que não resistiram às crises, ganhou pelo menos um novo fabricante de grande porte: a Gühring, que se instalou em Salto, em 2014, vinda também do ABC. Na própria cidade de Sorocaba estão as instalações da Seco Tools, da Hurth Infer e da Gleason (que adquiriu parte da HI). Lá também estão as sedes da Walter e da Kyocera no País.
Há 25 km de Campinas e 76 da capital, Vinhedo nos últimos anos tem recebido várias empresas do setor metal-mecânico, incluindo fabricantes e distribuidores de máquinas e de acessórios para máquinas. É também o município que concentra o maior número de filiais de multinacionais. Além da Iscar, o município é hoje sede de outros dois integrantes do IMC Group, controlado pelo megainvestidor Warren Buffet: a Tungaloy, de origem japonesa que lá se instalou em 2016, e a TaeguTec, de origem sul-coreana que para lá se transferiu em 2018.
Em 2020, em meio à pandemia, quem também se instalou na cidade foi a Gesac, subsidiária brasileira da principal fabricante de ferramentas de corte e produtos de produtos de metal duro da China. Entre os pequenos e médios, também estão sediados na cidade a WMC Ferramentas e a Ferguss Ferramentas. Apenas para registro, a cidade também abriga fabricantes de ferramentas abrasivas, como a Saint-Gobain, e de ferramentas manuais, a Belenus.
Também a cidade de Campinas, sede da RMC, recebeu as filiais de dois grandes players do mercado mundial de ferramentas de corte. Em 2013, a Sumitomo Hardmetal inaugurou suas instalações na cidade. Já 2018 marca a chegada da Ceratizit, de Luxemburgo, à Campinas, que para lá se transferiu de Barueri (Alphaville), na Grande São Paulo. A Rockfer Ferramentas Industriais também está instalada na cidade.
Indaiatuba – município distante 29 km de Campinas e 100 km de São Paulo –, além de ser a sede nacional da Kennametal também abriga a filial da Widia, a mais tradicional fabricante de ferramentas de metal duro do mercado mundial, integrante do mesmo grupo. Vale lembrar que, além da fábrica de especiais, a Kennametal também instalou em sua planta a linha de fabricação do Romicron, que a empresa adquiriu em 2009.
A cidade também abriga alguns pequenos e médios fabricantes nacionais, como a TechTools (que tem sua sede administrativa em Campinas), a Fast-Fer, a Hefesto Protótipos e Ferramentas e a Gammafer.
Outra presença na região é a da Emuge-Franken, da Alemanha, que está instalada em Itatiba. No local, a fabricante de ferramentas para rosqueamento (machos de corte, machos laminadores e fresas de rosca) e fresamento (fresas de metal duro, de HSS, fresas de topo de PCD, CBN e intercambiáveis), mantém também uma fábrica.
Instalações da Emuge-Franken em Itatiba (SP)
A região conta ainda com a Rolltécnica, fabricante de ferramentas diamantadas, que está instalada em Valinhos; e a Afiatec, de Santa Bárbara D’Oeste, que atua nos segmentos de fabricação e recuperação de ferramentas de corte especiais e standards, serviços de afiação e recuperação.
O número de empresas seria ainda maior não fosse a criação da Região Metropolitana de Jundiaí, aprovada pela assembleia estadual no final do ano passado, que reúne sete municípios: Jundiaí, Campo Limpo Paulista, Várzea Paulista, Jarinu, Louveira, Itupeva e Cabreúva, que antes pertenciam à RMC. Esta região abriga outros dois grandes players mundiais: a Sandvik Coromant, que se transferiu da capital para Jundiaí no final de 2018, e a YG-1, multinacional sul-coreana que se instalou há 14 anos em Itupeva.
Fonte: Revista Usinagem Brasil
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