Coronavírus: riscos e oportunidades para o setor de máquinas
“A questão {dos problemas enfrentados pela indústria chinesa} com o Coronavírus traz riscos e oportunidades para a indústria nacional de máquinas e equipamentos”, disse José Velloso, presidente-executivo da Abimaq, respondendo a pergunta que lhe foi dirigida por uma repórter na última quarta-feira, durante a entrevista coletiva para a apresentação do balanço de janeiro do setor de máquinas e equipamentos.
Desculpando-se por abordar do ponto de vista comercial um problema grave (“uma tristeza, que ninguém sabe onde vai parar”), Velloso disse que o principal risco para a indústria nacional é o desabastecimento. Do total das importações brasileiras de máquinas e equipamentos, 18% são originários da China. Parte desse volume é composta por componentes eletrônicos “como hoje praticamente todas as máquinas têm eletrônica embarcada, este é um possível problema”. Ou seja, indústrias nacionais correm o risco de podem ficar sem um determinado componente para a montagem final de uma máquina ou equipamento.
No entanto, o executivo disse desconhecer qualquer indústria do setor de bens de capital mecânicos que esteja nessa situação. “Em conversas com entidades de outros setores, caso da indústria eletrônica, já há problemas de abastecimento, mas em nosso setor, até este momento, nenhum caso relatado à entidade”, acrescenta.
O que existe até aqui, segundo Velloso, são casos esporádicos de empresas que importam componentes da China e que já estão se movimentando para substituir esses itens, seja de fabricantes nacionais ou de outros países, de modo preventivo. E, em sua opinião, aí está justamente uma das oportunidades para as empresas do setor. “Se sou fornecedor de determinado cliente e meu produto em um determinado momento foi substituído por um produto chinês, tenho oportunidade agora de voltar a fornecer, de oferecer meu produto em substituição ao produto chinês”, disse.
Outra oportunidade, apontada pelo executivo, está na exportação. “Além de atender 47% do consumo aparente brasileiro, o nosso setor é um grande exportador. Do total das exportações da indústria de transformação do Brasil, 12% são máquinas e equipamentos. Nós exportamos cerca de 40% do nosso faturamento. Não é um setor que vai começar a exportar, que vai abrir mercado... Portanto, assim como existe a oportunidade de substituir o produto chinês aqui no mercado doméstico, existe também a possibilidade de substituir o produto chinês nos mercados para os quais nós já exportamos, como são os casos dos Estados Unidos, nosso principal mercado atualmente, a América Latina e a Comunidade Europeia. “
Setor inicia 2020 com queda no faturamento
De acordo com o balanço apresentado pela Abimaq, a indústria nacional de máquinas e equipamentos fechou o primeiro mês de 2020 com queda no faturamento. De 3,6% na comparação com o mesmo mês do ano passado.
Na avaliação da entidade, “o desempenho mais fraco foi influenciado pela piora nas vendas no mercado externo”.
De fato, as vendas no mercado doméstico voltaram a registrar alta (6,6%) após dois meses de desaceleração (-2,7% em novembro e -2,9% em dezembro). O resultado no mercado interno, porém, foi insuficiente para anular a queda nas exportações.
Fonte: Revista Usinagem Brasil